Antiga, a poesia continua uma criança, com sua capacidade de nos transportar para além dos limites cotidianos. Qual seu segredo?
A poesia vive?
3 de maio de 2018
A poesia parece que tem renascido nos últimos tempos. Mas ela sempre esteve presente em nossa cultura como tradução daquilo que não encontra vida por outros meios de expressão.
Desde os ancestrais griots africanos, passando pelos escribas egípcios e gregos até os dias de hoje a poesia fascina por sua ligação com as energias mais interiores do ser humano.
As pessoas certamente escrevem mais poesia.
Mais que contos ou romances. Poesia parece mais fácil, basta uma folha, um guardanapo, um celular. Basta um banco de praça, uma mesa de bar, um assento de metrô ou ônibus. Mas é preciso tomar cuidado com essa facilidade. Fácil e simples são coisas diferentes.
Solano Trindade era simples sem ser fácil.
A poesia não pode abrir mão do ritmo, da musicalidade, da harmonia, da inventividade, da surpresa.
Grande parte da responsabilidade pelo renascimento da poesia cabe aos saraus, especialmente periféricos. Mas é bom lembrar que esses saraus foram precedidos pelas rodas de poemas negras nos anos 80, 90, início dos 2000 e que na verdade duram até hoje.
Os saraus e rodas permitiram a leitura de poesia. Às vezes, quando é lida em voz alta, a poesia ganha a melodia que fica adormecida no papel. Mas é sempre importante pensar que, quando num livro, a poesia será lida sem o poeta por perto para ensinar ao leitor as entonações, as ênfases, as pausas.
Escrever boa poesia é uma arte que exige dedicação. Bastante leitura de outros poetas também ajuda.
Se a poesia parece que tem renascido nos últimos tempos, é que na verdade ela nunca morreu.