Quilombhoje: espírito de quilombo nos dias de hoje. Desde 1980 colocando mais africanidade na literatura brasileira.
Quilombhoje: missão
A “Trindade”
QUILOMBHOJE LITERATURA
Foi fundado em 1980 por Cuti, Oswaldo de Camargo, Paulo Colina, Abelardo Rodrigues e outros, com o objetivo de discutir e aprofundar a experiência afro-brasileira na literatura. O grupo tem como proposta incentivar o hábito da leitura e promover a difusão de conhecimentos e informações, bem como desenvolver e incentivar estudos, pesquisas e diagnósticos sobre literatura e cultura negra.
As primeiras reuniões do grupo eram informais e ocorriam no extinto bar Mutamba, reduto de boêmios e intelectuais no centro da cidade de São Paulo. Ao longo do tempo as ações do Quilombhoje foram se diversificando.
Em 1982, com a entrada de Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa, Miriam Alves e Oubi Inaê Kibuko, o grupo assumiu a organização dos Cadernos Negros, cuja edição, na época, era de responsabilidade do Cuti, com apoio de Jamu Minka. Depois vieram José Abílio Ferreira e Veral Alves. Ao longo do tempo o grupo ficou mais conhecido pela organização da série.
Mas o Quilombhoje também já organizou diversos outros livros, incluindo um livro de ensaios (Reflexões Sobre a Literatura Afro-brasileira, cuja primeira edição foi lançada no III Congresso de Cultura Negra das Américas), novelas, peças de teatro, livros de contos e poemas.
A fim de estimular o debate de ideias, o grupo elaborou, junto com o AMMA — Psique e Negritude, o livro Gostando Mais de Nós Mesmos, que aborda questões de relações raciais e autoestima.
O grupo também promoveu, desde a década de 90, diversas rodas de poemas e, em 2002, criou o Sarau Afro Mix. Já organizou palestras, cursos e debates sobre literatura afro-brasileira. O Quilombhoje também organizou livros de biografias e um videodocumentário (Bailes). No decorrer dos anos, seus componentes foram saindo para se dedicar a trabalhos individuais enquanto outrxs colaboradorxs foram chegando.
O Quilombhoje nunca recebeu patrocínios ou subsídios vindos de ONGs ou do estado, com exceção de apoios para projetos pontuais. Para manter-se o grupo conta com a dedicação de seus membros e a boa vontade de seus colaboradores.
O trabalho desenvolvido pelo Quilombhoje tem colaborado para provocar o surgimento de outras atividades. Cursos, seminários e debates sobe literatura afro têm sido organizados por faculdades de letras e entidades interessadas nas questões literárias e raciais em vários lugares do Brasil. Editoras pretas foram surgindo e autorxs negrxs publicam cada vez mais. É a herança de escritores como Luís Gama, Cruz e Souza, Auta de Souza, Lima Barreto, Solano Trindade e Carolina de Jesus que se atualiza.
Desde 1999, o grupo é organizado por Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa, que contam com o apoio de alguns colaboradores.
Esmeralda Ribeiro é jornalista, escritora e pesquisadora da literatura afro-brasileira. É integrante, desde 1982, do Quilombhoje. Tem trabalhos publicados em 35 antologias no Brasil e no exterior. Sua atuação no sentido de incentivar a participação da mulher negra na literatura tem sido constante. Coorganiza a série Cadernos Negros e é autora do livro Malungos & Milongas (conto) e coautora do livro Gostando Mais de Nós Mesmos, sobre autoestima e questão racial, dentre outros.
Márcio Barbosa nasceu e vive em São Paulo, SP. Integra desde 1982 o Quilombhoje. É coorganizador da série Cadernos Negros e pensa que a literatura é terreno fértil para descobrimentos. Considera que é possível viver, sentir e se emocionar com cada personagem, é possível aprender um pouco com cada um e, assim, aprendermos sobre nós mesmos. Márcio fez as entrevistas e os textos do livro Frente Negra Brasileira e é um dos responsáveis pelo documentário e livro Bailes – Soul, Samba-rock, Hip Hop e Identidade em São Paulo. Também, junto com Esmeralda Ribeiro e Niyi Afolabi, organizou os livros Afro Brazilian Mind e Black Notebooks (o último é uma versão em inglês de Cadernos Negros), lançados nos EUA. Além disso, é idealizador e organizador do livro Jovem Afro – Antologia Literária.
Você pode ler mais um pouco sobre a história do início do Quilombhoje neste artigo.