13 de maio: a literatura afro tem em Lima Barreto um de seus precursores. Na verdade a tradição da literatura afro tem sido mais uma descoberta, como várias outras coisas nesse campo. A começar pela própria denominação, que tem sido uma descoberta constante. Uns preferem literatura afro, outros, literatura negra. Na verdade, os termos não se excluem. Afro tem a ver com a cultura, como na dança afro, os blocos afros, a religião afro-brasileira. É mais ancestralidade na fita. Negro tem um sentido mais político, como na denominação “movimento negro”, por exemplo. Enquanto afro remete à história, negro parece mais ligado à biologia, à ideia de raça.
A palavra “negro”, termo de origem espanhola e portuguesa para “preto” (a cor preta), na mente doentia ocidental durante muito tempo significou o mesmo que “escravo”. Ressignificada politicamente pelos movimentos, tornou-se categoria sociorracial. “Afro” ao que parece foi criado pelos negros americanos livres do século XIX. Já que o adjetivo mais correto para quem vive ou tem origem na África seria “africano”, afro nasce como um termo da diáspora. Uma “descoberta” também. Negro, preto ou afro? Sabe-se lá, a discussão é complexa e até um pouco metafísica. Mas não fútil. Nos EUA essa discussão semântica também acontece faz tempo, como se pode ver aqui no artigo do editor da Revista Ebony, Lerone Bennett, Jr., artigo da década de 60 que transcrevemos para o português (clique para ler).
Nomear também é criar o mundo e essa conversa vai longe. Mas é lógico que quanto mais opções no vocabulário, melhor. E voltando ao Lima Barreto: 13 de maio também é dia dele!