A virulência com que os meios de comunicação e internautas em geral têm atacado as ações afirmativas para negros e mestiços mostra-se desproporcional à realidade das leis que têm sido implantadas. As tão atacadas cotas nas universidades federais, por exemplo, vão privilegiar primeiramente os egressos de escolas públicas, independentemente da etnia, com cerca de 50% das vagas, depois os alunos de escolas públicas, mas com baixa renda, com cerca de 25%; só então os negros, pardos e indígenas (classificação em que teoricamente pode caber 70% da população brasileira), grupo que vai ter direito a cerca de 12% das vagas.
Por um lado, é ótimo ver que as mobilizações do movimento negro vão trazer benefícios para a população como um todo (como, aliás, sempre ocorreu); por outro surge a preocupação de que a exclusão da população afro pode continuar, haja vista que o racismo nas escolas é um dos fatores de afastamento e/ou mau desempenho dos alunos afrodescendentes e 10% das vagas é um índice pequeno para o tamanho da dívida que o país tem.
Mas no horizonte a luz que surge é interessante, com a ideia das cotas migrando para outras áreas, como os serviços públicos. Resta ver o que vai acontecer.