A escritora Carolina de Jesus, embora seja conhecida pela sua prosa, também escrevia poesias e compunha canções. Mas um lado pouco conhecido de Carolina é seu lado de cantora. Ela gravou um álbum em 1961 em que canta sambas, marchinhas, valsa, baiões, compostos por ela própria. São músicas bem humoradas, que às vezes se ressentem de uma crítica à linguagem (como nos versos “a coisa vai ficar preta” ou “te mandaram uma macumba”), mas quase sempre são deliciosas de se ouvir. Você pode checar aqui na rádio Batuta: http://www.radiobatuta.com.br/Episodes/view/563
A história da escritora Carolina de Jesus é bem conhecida e é emblemática. Nasceu em 14 de março de 1914 na cidade de Sacramento, MG, e veio para São Paulo ainda jovem para morar na favela do Canindé. O hábito de anotar em diários a vida na favela levou-a a ser mundialmente conhecida depois que o jornalista Audálio Dantas reuniu seus escritos e conseguiu que eles fossem publicados. O livro Quarto de Despejo foi lançado em 1960, vendeu dez mil exemplares em três dias e depois tornou-se best seller mundial. Embora Quarto de Despejo seja sua obra mais conhecida, Carolina escreveu mais quatro livros, dos quais Diário de Bitita é um dos mais impressionantes, pois traz um testemunho dramático e emocionante da situação da população negra no período pós-abolição. Carolina, que morreu em 1977, talvez tenha sido nossa primeira escritora “periférica”.
A celebração do centenário de Carolina em 2014 pode proporcionar oportunidade para repensarmos algumas coisas, como a situação das mulheres negras no mundo contemporâneo, as possibilidades e os desafios que se colocam para a consolidação de uma literatura afro-brasileira e a maneira como se dá a inserção da população negra no espaço urbano, dentre outros temas.
Vídeos sobre Carolina:
Nossa amiga Deise Benedito nos lembra que neste ano completa-se meio século de publicação do livro Quarto de Despejo, de Carolina de Jesus. Provavelmente a maioria das pessoas já sabe a história, mas não custa repeti-la: nascida em Sacramento, Minas Gerais, e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, Carolina sobrevivia como “catadora” de lixo, e foi no lixo que encontrou o seu passe para fora daquele mundo: um velho caderno. Neste caderno começou a escrever um diário nos meados da década de 50. Em 1958, um jornalista, Audálio Dantas, ao fazer uma matéria sobre a favela, foi informado que uma das moradoras tinha um diário. Audálio teve acesso aos escritos e ajudou a editá-los.
Em 1960 era lançado o livro com o sugestivo título Quarto de Despejo. Segundo Carolina, “a favela é o quarto de despejo de uma cidade”. O livro se tornou em pouco tempo um best seller, tendo sido vendidos mais de cem mil exemplares em pouco menos de um ano. A obra alcançou repercussão no Brasil e no exterior e Carolina viajou para vários países. Talvez Carolina tenha sido nossa primeira escritora “periférica”.
Aqui no Brasil, com o decorrer do tempo e devido a varios fatores, Carolina foi esquecida, mas em outros lugares, não, como demonstra o filme Preciosa, já que segundo a escritora Sapphire, autora da obra de onde foi adaptado o filme, o livro de Carolina foi uma de suas fontes.
Um livro ainda pouco conhecido de Carolina, mas provavelmente até mais impactante que Quarto de Despejo, é Diário de Bitita, que retrata seu percurso desde a infância em sua cidade natal.
Jeferson De tem um curta sobre Carolina e no youtube há o documentário que está no link abaixo: