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Este é um espaço para informes, comentários e outras ideias sobre temas e fatos que ocupam a mente dos quilombhojeiros.
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Ficou muito legal este espaço, meio blog, meio site, modernizou o site. Merece um espaço especial na frente do site. Tem como colocar comentários indivíduais logo abaixo dos textos? Gostei dos textos, dos informes, links, das caricaturas(Marcio e Esmeralda dread).
Em abril agora, o Bando de Teatro Olodum, grupo teatral negro maravilhoso de Salavdor virá a São Paulo para apresentações no SESC Vila Mariana. É imperdível. Além da qualidade artística, o Bando discute a questão racial com vigor e categoria.
Vale a pena. Se quiserem mais informações para quem sabe publicar um post sobre isso, é só me mandar email.
CARTA DE ALFORRIA
Ela vai passos ligeiros, rumo à casa da “sinhá”,
trabalhar o dia inteiro.
Vai a pé se tem dinheiro, se não tem vai caminhando,
com um velho lenço de cetim, pra prender o pixaim
e, pra cobrir o negro corpo, um “conjunto” de nanquim.
A cruz de todo santo dia, carregando e matutando:
“-Antes da alforria”,- contou-lhe a finada madrinha:
“-a gente não carecia de muito chão caminhar,
senzala era agarradinha, com casa grande do
Sinhô!
-Senzala é barraco agora,
com luz elétrica, cerca de tábua, uma torneira,
trempe do lado de fora,
fogão sem gás, televisor,
cama beliche, mesa manqueba, geladeira.
No barraco a gente mora e namora, quando pode,
com cisma de filho tá vendo,porque ele já tá cresceno,
tá té de pêra e bigode e indo dançá pagode!
já tem mulher de chamego, mas carece rumá emprêgo.
Barraco é bem retirado,
de noite escuro, que nem brêu,
na grimpa de uma ladeira,
num cantinho descambado,
onde as bota o “Judas perdeu!”
Tudo gente sem eira nem beira,
tudo pobre qui nem eu,
tudo querendo enricá,
tudo querendo mudá,
pra morá em casa chique, com piscina no quintá,
com varanda, com sofá e rede pra balangá,
mais casa chique é lugá, pra gente branca morá!”
Vai sem medo de chibata se, Deus guarde, atrasar.
Chibata virou falta de dinheiro, muita conta pra pagar,
doença sem remédio pra curar,
muito querer, sem ter com que comprar,
filhos largados ao “Deus dará”, marido pinguço pra tolerar,
muita sujeira pra desanojar e desassossego de não descansar.
Ainda bem, estamos todos “libertados”!
Pobres ex-cativos, alforriados
e não existe mais escravidão,
“Sinhá” virou patroa, “Sinhô” virou patrão!
Mucama ficou “doméstica” empregada,
o tempo inteiro, por um quase nada,
com direito a violência, desemprego,
discriminação, exploração, arrenêgo,
geladeira vazia e a velha televisão:
pra ver massacre de pessoas inocentes,
palhaçadas de apresentadores salientes,
políticos demagogos, corruptos, inconseqüentes,
novelas enfadonhas, imbecis ou indecentes,
programas infantis nada inocentes
e até uma “sessão de descarrego”:
“-Olha dona Cida, deixa eu te falar:
sei que amanhã é Domingo, dia de descansar
e eu fico até com vergonha, de te atrapalhar,
mas te dou oito reais, se vier me ajudar!”
“-Tudo bem,eu venho patroa,
a sinhora não precisa se avexá,
amanhã eu tô atoa
e,depois d’eu vim da missa,
vô ficá só na priguiça,
tô sem rôpa pra lavá,
o Zé impreitô roçá pasto,
levô o minino no arrasto
e num tem dia pra vortá!
Eu vou inté achá bão,
ganhá mais um dinheirinho
que evém em boa hora.
Esse dinheiro eu gasto,
ajudano minha nora,
que qué comprá sapatinho,
pra netinha tirá pé do chão.
Deus que abençoi a sinhora,
Deus que abençoi o patrão!”
Parabéns pelo site, pelas informações, nosso povo precisa disto, para ter visibilidade
abraços
Irene
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ola, boa tarde! quero receber informações de livros artigos, obras culturas,