Olha, que notícia legal: Cadernos Negros volume 42 é finalista do prêmio Jabuti de 2020.
Lógico que temos de celebrar.
A notícia até pode surpreender porque Cadernos sempre caminhou na contramão do mercado editorial. Esse mercado sempre deixou invisíveis autorxs e textos que Cadernos insiste em tornar visíveis.
Entretanto, a missão de dar visibilidade a essxs autorxs e textos sempre nos fez ver que tínhamos de cobrar de mercado e da Academia a atenção justa que autorxs negrxs merecem ter. Isto é, sempre procuramos e procuraremos combater o racismo que existe no campo literário. Fazemos isso de uma forma também prática, cobrando de livrarias, da grande mídia, de iniciativas como a do Jabuti e outras iniciativas similares maior atenção e visibilidade para a literatura afro-brasileira.
Ao longo dos anos, a CBL e o Jabuti têm se mostrado sensíveis a essas questões. E a recente curadoria do Jabuti teve iniciativas bem objetivas, que se refletiram na inclusão de mais juradxs pretxs, por exemplo.
Isso talvez tenha resultado numa diversidade maior de livros, com publicações independentes tendo mais destaque, com vários autorxs negrxs como finalistas.
Com certeza isso é positivo, pois reflete melhor a diversidade sociorracial que é o Brasil e a demanda que a sociedade vem tendo em relação às questões raciais, especialmente após o trágico caso de George Floyd.
Ainda falta o regulamento do Jabuti fazer mais menção à questão da diversidade, por exemplo. Mas há um progresso. Pouco a pouco (muito devagarinho mesmo) o mercado editorial também está mudando. Está prestando atenção no que existe além do seu umbigo, nos quilombos modernos e periferias. Vamos pensar também que o mercado editorial brasileiro praticamente começou a partir da iniciativa de um empreendedor negro: Francisco de Paula Brito. Machado de Assis afirmou que ele é o primeiro editor digno desse nome no Brasil. Então, temos uma tradição que precisa ser resgatada nessa área.
É apenas um prêmio e nosso foco é o próximo volume de Cadernos.
Nossa maior vitória é o lançamento de cada volume.
Mas por que não torcer pelo 42? Afinal, é o mais expressivo prêmio do mercado editorial.
Axé!
Márcio Barbosa
Autorxs do CN42:
Akins Kintê, Alcidéa Miguel, Alessandra Sampaio, Ana Fátima, Anamaria Alves, Augusta Nunes dos Santos, Carlos Cardoso dos Santos, Benicio dos Santos Sa Catita, Claudia Walleska, Cuti, Decio de Oliveira Vieira, Edson Robson, Elaine Marcelina, Esmeralda Ribeiro, Fernando Gonzaga, Gui Denker, Jairo Pinto, Jéssica Nascimento, Joceval Nascimento (Layê), Kasabuvu, Leandro Passos, Lia Vieira, Lidiane Ferreira, Lígia Santos Costa, Lílian Paula Serra e Deus, Lindevania Martins, Lorena Barbosa, Luana Passos, Luciana Leitão, Manoel Francisco Filho, Manuella Santos, Mari Vieira, Marli de Fátima Aguiar, Míghian Danae, Nana Martins, Samira Calais, Silvia Barros, Uilians Uilson Santos, Val Lourenço, Zainne Lima da Silva.
https://www.quilombhoje.com.br/livraria/index.php/produto/cadernos-negros-volume-42-poemas-afro-brasileiros/