A história da escritora Carolina de Jesus é bem conhecida e é emblemática. Nasceu em 14 de março de 1914 na cidade de Sacramento, MG, e veio para São Paulo ainda jovem para morar na favela do Canindé. O hábito de anotar em diários a vida na favela levou-a a ser mundialmente conhecida depois que o jornalista Audálio Dantas reuniu seus escritos e conseguiu que eles fossem publicados. O livro Quarto de Despejo foi lançado em 1960, vendeu dez mil exemplares em três dias e depois tornou-se best seller mundial. Embora Quarto de Despejo seja sua obra mais conhecida, Carolina escreveu mais quatro livros, dos quais Diário de Bitita é um dos mais impressionantes, pois traz um testemunho dramático e emocionante da situação da população negra no período pós-abolição. Carolina, que morreu em 1977, talvez tenha sido nossa primeira escritora “periférica”.
A celebração do centenário de Carolina em 2014 pode proporcionar oportunidade para repensarmos algumas coisas, como a situação das mulheres negras no mundo contemporâneo, as possibilidades e os desafios que se colocam para a consolidação de uma literatura afro-brasileira e a maneira como se dá a inserção da população negra no espaço urbano, dentre outros temas.
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