Imperdível: FEIRA PRETA 2010
Agora no Centro de Exposições Imigrantes
CADERNOS NEGROS VOLUME 33 – POEMAS AFRO-BRASILEIROS
DIA 17 DE DEZEMBRO DE 2010 – SEXTA-FEIRA
ÀS 19H
NA SALA OLIDO
AV. SÃO JOÃO, 473
PARA PARTICIPAR, CADASTRE-SE NO SITE
WWW.QUILOMBHOJE.COM.BR
(a partir de 1º de dezembro)
AUTORES:
Adilson Augusto, Akins Kinte, Ana Celia, Claudia Walleska, Cristiane Sobral, Cuti, Décio de Oliveira Vieira, Edson Robson Alves dos Santos, Elio Ferreira, Elizandra Batista, Esmeralda Ribeiro, Flávia de Paula Martins, Jairo Nascimento Santos, Jamu Minka, Lepê Correia, Luís Carlos de Oliveira ‘Aseokaýnha’, Márcio Barbosa, Mel Adún, Miriam Alves, Ruth Saleme, Serafina Machado, Sidney de Paula Oliveira, Thyko de Souza
Cadernos Negros é uma série que, criada em 1978, vem proporcionando a autores e leitores uma nova experiência em termos de literatura. Este novo volume traz escritores de vários estados e mostra que a série se renova e ainda tem muito fôlego para proporcionar emoção e informação.
Recentemente uma polêmica veio à tona relativamente ao livro “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato. O Conselho Nacional de Educação emitiu um parecer considerando que esse livro tinha termos racistas em relação à personagem Tia Nastácia e recomendava que a editora colocasse um texto para que os professores trabalhassem esse aspecto com os alunos. Logo veio à tona uma polêmica: a de que estaria havendo uma censura a Monteiro Lobato, um clássico da literatura brasileira.
Em primeiro lugar queremos dar os parabéns ao Conselho Nacional de Educação por ter colocado o dedo na ferida e ter tocado num intocável. Não é por que se trata de um autor considerado clássico que o seu racismo não pode ser analisado e denunciado.
Nesse sentido, quem leu Monteiro sabe que ele deve muito às teorias da antropologia racista do século XIX, como mostra o seu livro “Presidente Negro”, uma obra em que aquela pseudociência encontra acolhida.
No entanto gerações e gerações de brasileiros vêm sendo formadas por aqueles estereótipos que aparecem no “Sítio do Pica Pau Amarelo” e em outros livros e nunca se esboçou em relação a isso nenhum tipo de censura.
Aliás, essa questão de censura é dúbia. Por princípio, qualquer censura é abominável, mas vemos livros em que se leem palavrões serem sumariamente condenados, numa atitude que também pode ser considerada censura.
Afinal, até que ponto se pode cercear a liberdade de um escritor ou uma escritora, transgressores quase sempre?
E o que será que fere mais um estudante negro: um palavrão ou um personagem negro ter colado a si o adjetivo “macaco”, por exemplo?
Monteiro Lobato continuará a habitar o imaginário das crianças por muito tempo, a julgar pela reação da mídia conservadora e das classes que ela representa, mas já é hora de exigirmos mais respeito na forma de livros que retratem sem estereótipos personagens afrodescendentes, e nisso a literatura afro tem trazido sua importante contribuição: os autores afro-brasileiros, especialmente os contemporâneos, têm procurado elaborar personagens dignos.
Valorizar livros com esse teor seria uma forma de contemplar a diversidade, a exemplo do que faz a Prefeitura de Belo Horizonte, considerada um modelo, pois procura oferecer aos seus alunos livros que lidam com a nossa diversidade étnica. O país tem muito a agradecer a iniciativas como essas.
Que nesses novos tempos que se anunciam para o Brasil, com uma mulher sendo eleita presidente (uma prova de que algumas coisas podem mudar, algo que a eleição de Obama já tinha mostrado), que nesses novos tempos possa haver mais espaço para o sonho e a esperança.
Axé!
Quilombhoje Literatura