Nossa amiga Deise Benedito nos lembra que neste ano completa-se meio século de publicação do livro Quarto de Despejo, de Carolina de Jesus. Provavelmente a maioria das pessoas já sabe a história, mas não custa repeti-la: nascida em Sacramento, Minas Gerais, e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, Carolina sobrevivia como “catadora” de lixo, e foi no lixo que encontrou o seu passe para fora daquele mundo: um velho caderno. Neste caderno começou a escrever um diário nos meados da década de 50. Em 1958, um jornalista, Audálio Dantas, ao fazer uma matéria sobre a favela, foi informado que uma das moradoras tinha um diário. Audálio teve acesso aos escritos e ajudou a editá-los.
Em 1960 era lançado o livro com o sugestivo título Quarto de Despejo. Segundo Carolina, “a favela é o quarto de despejo de uma cidade”. O livro se tornou em pouco tempo um best seller, tendo sido vendidos mais de cem mil exemplares em pouco menos de um ano. A obra alcançou repercussão no Brasil e no exterior e Carolina viajou para vários países. Talvez Carolina tenha sido nossa primeira escritora “periférica”.
Aqui no Brasil, com o decorrer do tempo e devido a varios fatores, Carolina foi esquecida, mas em outros lugares, não, como demonstra o filme Preciosa, já que segundo a escritora Sapphire, autora da obra de onde foi adaptado o filme, o livro de Carolina foi uma de suas fontes.
Um livro ainda pouco conhecido de Carolina, mas provavelmente até mais impactante que Quarto de Despejo, é Diário de Bitita, que retrata seu percurso desde a infância em sua cidade natal.
Jeferson De tem um curta sobre Carolina e no youtube há o documentário que está no link abaixo: