Dia 12 acontece a já tradicional marcha norturna promovida pelo Instituto do Negro Padre Batista. Na verdade neste ano ele começa um pouco mais cedo do que em anos anteriores, quando a marcha fazia seu percurso noturno e terminava na Igreja Nossa Senhora do Rosário. Começando um pouco mais cedo, às 15h, ela possibilitará que as pessoas que estiverem no centro nesse horário também participem (clique na imagem para ampliar).
A escritora Carolina de Jesus, embora seja conhecida pela sua prosa, também escrevia poesias e compunha canções. Mas um lado pouco conhecido de Carolina é seu lado de cantora. Ela gravou um álbum em 1961 em que canta sambas, marchinhas, valsa, baiões, compostos por ela própria. São músicas bem humoradas, que às vezes se ressentem de uma crítica à linguagem (como nos versos “a coisa vai ficar preta” ou “te mandaram uma macumba”), mas quase sempre são deliciosas de se ouvir. Você pode checar aqui na rádio Batuta: http://www.radiobatuta.com.br/Episodes/view/563
Resgatamos algumas imagens do lançamento do livro Cadernos Negros volume 32, de contos, que ocorreu na Uninove, em 2009. Com participação de vários autores, dentre eles Cristiane Sobral e Débora Almeida, e do grupo Umojá.
A história da escritora Carolina de Jesus é bem conhecida e é emblemática. Nasceu em 14 de março de 1914 na cidade de Sacramento, MG, e veio para São Paulo ainda jovem para morar na favela do Canindé. O hábito de anotar em diários a vida na favela levou-a a ser mundialmente conhecida depois que o jornalista Audálio Dantas reuniu seus escritos e conseguiu que eles fossem publicados. O livro Quarto de Despejo foi lançado em 1960, vendeu dez mil exemplares em três dias e depois tornou-se best seller mundial. Embora Quarto de Despejo seja sua obra mais conhecida, Carolina escreveu mais quatro livros, dos quais Diário de Bitita é um dos mais impressionantes, pois traz um testemunho dramático e emocionante da situação da população negra no período pós-abolição. Carolina, que morreu em 1977, talvez tenha sido nossa primeira escritora “periférica”.
A celebração do centenário de Carolina em 2014 pode proporcionar oportunidade para repensarmos algumas coisas, como a situação das mulheres negras no mundo contemporâneo, as possibilidades e os desafios que se colocam para a consolidação de uma literatura afro-brasileira e a maneira como se dá a inserção da população negra no espaço urbano, dentre outros temas.
Vídeos sobre Carolina:
O pesquisador Mário Augusto Medeiros fez uma pesquisa sobre literatura negra e periférica no Brasil e essa pesquisa ganhou o Prêmio para Jovens Cientistas do Centro da Estudos Sociais da Universidade de Coimbra em 2013 e a Menção Honrosa da Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), em 2012. Agora o trabalho saiu em um livro de fôlego, muito bem produzido pela Editora Aeroplano, com curadoria de Heloisa Buarque de Hollanda. O livro é “A Descoberta do Insólito”. Leitura obrigatória.
Durante muito tempo Mandela ficou preso. Aqui no Brasil, nas décadas de 80 e 90, muitos indivíduos e entidades se mobilizaram pedindo sua liberdade e o fim do apartheid. Mandela se tornou um símbolo da luta pela liberdade, cidadania e igualdade. Depois, nos eventos do movimento negro, trechos do hino da África da Sul foram muito cantados. No lançamento do CN36 exibimos o vídeo abaixo, disponível no youtube, mas sem as legendas, que nós acrescentamos.
Aqui a tradução:
Deus abençoe a África
Que suas glórias sejam exaltadas
Ouça nossas preçes
Deus nos abençoe, porque somos seus filhos
Deus, cuide de nossa nação
Acabe com nossos conflitos
Nos proteja, e proteja nossa nação
À África do Sul, nação África do Sul
Dos nossos céus azuis
Das profundezas dos nossos mares
Sobre as grandes montanhas
Onde os sons se ecoem
Soa o chamado para nos unirmos
e juntos nos fortalecermos
Vamos viver e lutar pela liberdade
Na África da Sul a nossa terra.
É isso mesmo. Cadernos Negros 36 foi lançado num evento muito legal. Em breve postaremos algumas fotos. Você já pode encontrar o 36 na lojinha do Museu Afro, no Ibirapuera, em São Paulo. Em Belo Horizonte você pode encontrar na Nandyala ou também pode solicitar pelo correio.